
Mais de oito dias passados desde a invasão de Torres Novas por habitantes riachenses, quisemos dar um tempo de arrefecimento às emoções e não escrever em cima do acontecimento. Isto dos blogues pode ter o defeito de se esperar que a coisa seja imediata, mas a reflexão do ser humano sobre as coisas leva o seu tempo, é inevitável. Escutámos alguns riachenses no dia seguinte e uns dias depois. Ficamos com a sensação que o “Riachos Intemporal” foi um grande espectáculo. Podiam os riachenses ser enganados pela emoção de ver outros riachenses no palco, mas mesmo sem ligação emocional à coisa, o espectador neutro não saiu defraudado. Ouvimos dizer que esta obra de arte iria ser repetida na Bênção do Gado, o que nos deixa algumas reservas… Se para muitos esta apresentação foi um dos pontos altos da afirmação riachense no campo das artes, repeti-la pode desvalorizar a coisa. Outro aspecto é o da dignidade do espectáculo em si. Reparemos nisto: a sala do Virgínia tem as condições todas para dignificar qualquer artista mundial, o palco da Bênção do Gado não. Por exemplo, no site de Pedro Barroso, este grande artista que põe a nossa terra a sonhar nos seus concertos, é referido que os seus “concertos sejam, sempre que possível, realizados em Salas, Auditórios, Cine-Teatros ou outros recintos cobertos. Em casos de recintos ao ar livre, deverão estar sempre salvaguardadas condições de dignidade e conforto tanto para os artistas como para o público.” Ora, no Virgínia, o público está comodamente sentado a ver um espectáculo de dança de cima para baixo. Já vi espectáculos de folclore assim e simplesmente adorei. Na Bênção do Gado não haverá condições para ver o espectáculo desta maneira. Aliás, haverá gente a comer e beber (muito) ao mesmo tempo e isso tira dignidade ao espectáculo, ao Rancho e a Riachos. Mas se a decisão for a de fazer o espectáculo na BG, lá estaremos para aplaudir de pé.